Já se sente o carnaval no ar. Mas não esse carnaval reduzido a espetáculo, a sambas-enredo que exploram temas por gente intelectualizada, com pesquisas profundas, designers , estilistas. O Carnaval que disputa celebridades para rainha da bateria. Enfim, o Carnaval-empresa, de preferência para turistas.
Não, não é esse o Carnaval que sinto. Sinto com nostalgia o carnaval de minha infância, carnaval de rua, embalado pelas marchinhas que continuam impregnadas na memória dos mais antigos. Carnaval do confete, da serpentina,do lança-perfume,
da avenida movimentada,dos carros desfilando de capota abaixada, do alto-falante enchendo as ruas com o som dos sambas "Iá, iá, cadê o jarro?/ O jarro que eu plantei a flor?/ Eu vou lhe contar um caso/Eu quebrei o jarro/E matei a flor"; "Lata d'água na cabeça/Lá vai Maria/Lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa...". E muitas outras marchinhas nascidas de poetas do povo, com assuntos da vivência do dia a dia.
E as fantasias? Pierrô, Colombina, Pirata, Cigana... Via passar pela minha rua os pais levando os filhos fantasiados às matinês do clube. A alegria desses dias era um sentimento consentido, uma pausa para um relaxamento preguiçoso, para não se pensar em nada, quando muito na melhor forma de espirrar água nas pessoas que passavam e sair correndo sem ser pego.
Era assim, antigamente, quando havia mais magia, mais inocência e menos vaidade.
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