sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Misty"

MISTY

“Misty” era uma música cantada infalivelmente todo ano na Faculdade de Filosofia, durante a apresentação das “Noites de Música e Poesia”,que aconteciam nos idos dos anos 60. Talentos musicais e poéticos de alunos e professores eram colocados à mostra nessas ocasiões.
A música italiana que havia invadido as rádios e competia com a Música Popular Brasileira, comparecia nessas noites culturais e uma interpretação belíssima de “La nostra casa encima al mondo” até hoje me vem à lembrança. A moça que cantou essa música tinha uma voz potente que invadiu o anfiteatro e arrepiou a platéia. Havia um professor que lia seus poemas longos e eruditos e sempre os oferecia à sua mulher, musa eterna.
Mas o momento mais esperado por mim, razão principal de meu comparecimento a todas as apresentações era a hora de “Misty”. Era um rapaz numa cadeira de rodas que cantava outras músicas, mas essa ele nunca deixava de cantar. Para ele essa música devia ter um significado profundo porque era repetida todos os anos e sua interpretação, em surdina, um tanto sensual, hipnotizava por um momento quem a ouvia. São muitos os intérpretes dessa música “standard”americana, mas nenhum conseguiu atingir a minha sensibilidade como a interpretação daquele rapaz. Por isso “Misty” ficou marcada em minha vida e me lembra o cantor, o clima de magia,a sensação de prazer, naquele anfiteatro à meia-luz, naqueles longínquos anos 60.

sábado, 4 de junho de 2011

Pássaros

O que faço com esses pássaros que cantam na árvore que fica em frente à minha janela e que me convidam, com sua alegria, a me encantar pela vida, a dar voos como eles em busca do prazer de viver? Essas criaturas, que aumentam à medida que os galhos vão crescendo e se espalhando, tomando conta do jardim, invadindo o telhado, são um lembrete de que há alegria, apesar de todo desencanto,de toda ilusão perdida, de tanto tempo passado, esbanjado, mal empregado.
Seguir seu exemplo, parecem me dizer. Cantar, pular pelos galhos, descer ao chão, alçar voos mais altos, incitando os companheiros a segui-los em sua dança no ar?
Alma de passarinho: leveza, inquietude, gozar a brisa, o sol, a chuva, enfrentar o tempo. Lição aos nossos olhos: é só querer aprender com a inocência de quem tem o mundo pela frente,de quem pode dominar tudo, alcançar tudo e ainda poder cantar.