quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Educação, o filme

O filme "An Education" (Educação) mostra a vida de uma estudante na Londres dos anos 60 que, muito aplicada, prepara-se para uma vaga na Universidade de Harvard. Conhece um rapaz, mais velho que ela, quando um dia, no ponto de ônibus para casa, começa a chover e ele lhe oferece carona. Começa aí uma amizade que à medida que passa o tempo, vai se transformando num relacionamento mais sério.
O rapaz faz negócios escusos junto com um amigo: adquire toda sorte de objetos que têm valor no mercado através de artimanhas enganosas e os revende, obtendo grandes lucros. Oferece à garota uma vida glamourosa: passeios caros,óperas,visitas a museus de arte, restaurantes requintados. Ela não percebe ou procura ignorar a origem do dinheiro que lhe permite tanto luxo e novas experiências, inclusive estéticas, que ela, como pessoa voltada ao estudo, tanto aprecia. Ele acaba se aproximando dos pais da moça que também se deixam seduzir pelo charme que a riqueza confere às pessoas.
A boa vida, cheia de surpresas, regada a champagne e lugares sofisticados como uma viagem a Paris, que faz com o rapaz, acaba por fazer a garota questionar a importãncia da educação que está recebendo na escola e que culminará numa vida acadêmica que lhe renderá, no máximo, um cargo de professora. Vislumbrar esse tipo de vida, prosaico e sensabor, comparado aos momentos quase mágicos que estava vivendo naqueles momentos, levam-na a rejeitar a escola depois de uma discussão com a diretora que tenta abrir-lhe os olhos sobre a ilusão que está vivendo e a solidez e dignidade de uma vida voltada para a Educação. Depois de um pedido de casamento feito pelo rapaz, ela acaba por abandonar seus planos de se preparar para Harvard e abandona a escola. Atitude facilmente aceita pelos pais que até então, sempre cobraram dela uma carreira de estudos. Agora, diante da perspectiva de um casamento rico, abandonaram também o sonho de ver a filha formada.
Entretanto, ela acaba descobrindo que o rapaz tinha uma família e que a enganara, assim como outras. Ela vê seu mundo ruir: nem casamento e nem mais chances de voltar para a escola. Acaba por se consolar e se lança ao estudo, sozinha em casa, na esperança de conseguir uma vaga em Harvard. Obtém êxito e é chamada pela Universidade para estudar língua e literatura. Mas ela já não é mais a mesma menina ingênua,virgem e inexperiente que fora tempos atrás. Já estava marcada por novas vivências, conflitos; conhecia melhor o caráter das pessoas, a capacidade que elas têm de ser dissimuladas, de se deixar levar pelo poder do dinheiro. A experi~encia que teve, apesar de amarga, não deixou de ser uma Educação.
Mas, em última análise, o filme deixa a conclusão de que a outra Educação, a da escola, do estudo, da cultura é que vai dar a segurança, o verdadeiro sentido para a vida. O resto é ilusão.
O filme "An Education" (Educação) mostra a vida de uma estudante na Londres dos anos 60 que, muito aplicada, prepara-se para uma vaga na Universidade de Harvard. Conhece um rapaz, mais velho que ela, quando um dia, no ponto de ônibus para casa, começa a chover e ele lhe oferece carona. Começa aí uma amizade que à medida que passa o tempo vai se transformando num relacionamento mais sério.
O rapaz faz negócios escusos junto com um amigo: adquire toda sorte de objetos que têm valor no mercado através de artimanhas enganosas e os revende, obtendo grandes lucros. Oferece à garota uma vida glamourosa: passeios caros,óperas,visitas a museus de arte, restaurantes requintados. Ela não percebe ou procura ignorar a origem do dinheiro que lhe permite tanto luxo e novas experiências, inclusive estéticas, que ela, como pessoa voltada ao estudo, tanto aprecia. Ele acaba se aproximando dos pais da moça que também se deixam seduzir pelo charme que a riqueza confere às pessoas.
É nesse ponto que o filme mostra

carnaval

Já se sente o carnaval no ar. Mas não esse carnaval reduzido a espetáculo, a sambas-enredo que exploram temas por gente intelectualizada, com pesquisas profundas, designers , estilistas. O Carnaval que disputa celebridades para rainha da bateria. Enfim, o Carnaval-empresa, de preferência para turistas.
Não, não é esse o Carnaval que sinto. Sinto com nostalgia o carnaval de minha infância, carnaval de rua, embalado pelas marchinhas que continuam impregnadas na memória dos mais antigos. Carnaval do confete, da serpentina,do lança-perfume,

da avenida movimentada,dos carros desfilando de capota abaixada, do alto-falante enchendo as ruas com o som dos sambas "Iá, iá, cadê o jarro?/ O jarro que eu plantei a flor?/ Eu vou lhe contar um caso/Eu quebrei o jarro/E matei a flor"; "Lata d'água na cabeça/Lá vai Maria/Lá vai Maria/ Sobe o morro e não se cansa...". E muitas outras marchinhas nascidas de poetas do povo, com assuntos da vivência do dia a dia.
E as fantasias? Pierrô, Colombina, Pirata, Cigana... Via passar pela minha rua os pais levando os filhos fantasiados às matinês do clube. A alegria desses dias era um sentimento consentido, uma pausa para um relaxamento preguiçoso, para não se pensar em nada, quando muito na melhor forma de espirrar água nas pessoas que passavam e sair correndo sem ser pego.
Era assim, antigamente, quando havia mais magia, mais inocência e menos vaidade.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sorvete de abacaxi

Estão demolindo mais um prédio no centro da cidade. Logo, logo quem há muito não visita Assis não vai reconhecer a cidade. Cada dia é um prédio que botam abaixo.
Hoje passei por lá: ao lado da Praça da Bandeira. Funcionou ali, tempão atrás um bar. Não era um bar qualquer: tinha um atrativo especial: o dono fazia um sorvete de abacaxi que se tornou famoso porque não era feito com a essência da fruta; era da própria fruta e, nas mordidas, vinham pedaços de abacaxi, para comprovar a autenticidade. Quem daquela época não experimentou?
Era também ali em frente que, nos anos 60, tomava-se o ônibus para ir à Faculdade de Filosofia. E enquanto o ônibus não vinha, o dono vendia o seu sorvete de abacaxi para a moçada que ficava ali em frente ou na praça. O lugar tinha um zunzum alegre e jovial nos horários de saída e chegada da faculdade. Eram conversas, encontros efusivos, risos, um ponto marcante na vida ainda pacata da cidade.
Agora de manhã, quando passei e vi a construção transformada em entulhos no chão,não deixei de lembrar dessa época. Tempos em que se preparava para a vida, em que se construíam sonhos, projetos. E o sorvete de abacaxi fez parte dessa época. Permanece na lembrança gustativa desse tempo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Batida de Maracujá

Não era fácil passar por uma tremenda paixão sem ser correspondida. Telefonemas, coincidências planejadas de encontros e a fingida surpresa: "Você por aqui?", visitas ao pai doente, nada surtia efeito. E as lamúrias vinham, as lágrimas eram copiosas, enquanto conversávamos naquele velho Volks 70. E por que não dizer, a raiva incontida pela mulher que merecia a atenção dele, o seu tempo, o seu amor. Ou interesse? Era isso que a fazia triste. "A outra" era poderosa. Tinha o pai rico, além do mais o charme dos olhos puxados de japonesa bonita.
Eu sofria com ela, mas tinha o receio de dizer-lhe que não valia a pena, deixá-lo para lá, com aquele ar de superioridade, quando estava perto dela. Foram anos assim, nesse sofrimento, naquela paixão que se aguçava à medida que a indiferença dele aumentava. Ela era inteligente, devia se valorizar, fazer desabrochar a beleza que tinha, mas que se escondia na simplicidade da roupa, na contenção dos gestos, na timidez da insegurança. Eram coisas que,hoje penso, deveria ter-lhe dito, mas eu também tinha o constrangimento das pessoas também tímidas e inseguras, que buscava, como ela, alguém para uma companhia, um namoro, talvez um amor. Sem dúvida, éramos, as duas, carentes do afeto masculino.
E à noite, depois das aulas, rodávamos, uma vez no meu carro, outra no carro dela, as ruas já desertas da cidade. Falávamos do trabalho, dos alunos, dos problemas familiares e caíamos, infalivelmente, nos assuntos amorosos. Procurávamos bares ainda abertos, para tomar um chope, comer alguma coisa, prosear e, sem dúvida, procurar entre os notívagos, alguém disponível para conversarmos, conhecermos, e, quem sabe até iniciar um romance. Mas como era difícil para nós, mulheres com o jeito de sérias, compenetradas e bem comportadas. Na verdade, acho que metíamos medo ao primeiro olhar; dávamos a impressão de mulheres inabordáveis, as duas ali, parecendo auto-suficientes e bem resolvidas. Hoje penso assim, mas, na época, saíamos desses lugares bem desanimadas, nos sentindo rejeitadas e incapazes.
Uma noite, depois do trabalho, percorremos as ruas centrais da cidade à procura de algum restaurante aberto. Os costumeiros já tinham fechado, mas insistimos na procura . Encontramos um, que dificilmente frequentávamos; não era das melhores, mas resolvemos entrar, movidas pela solidão que apertava àquela hora adiantada,os bares fechados, ninguém pelas ruas, só o vento e o frio a nos fazerem companhia. Não me recordo muito bem, mas devia ter alguém cantando uns boleros antigos, poucos fregueses bebendo, solitários nas mesas vazias. O cenário era um tanto decadente, os garçons já meio sonolentos, incomodados com a chegada de fregueses retardatários.
Procuramos uma mesa e pedimos batida de maracujá. Com pinga. Combinava com o ambiente, não muito familiar. Queríamos passar a impressão de mulheres mais atrevidas e liberadas. (Não podemos perder de vista que estávamos nos anos 70). Vieram as batidas, e os frequentadores passaram a nos olhar com mais interesse. E os garçons, como estátuas, braços para trás, a nos observar também, de uma certa distância. O álcool começou a fazer efeito, já ríamos descontraídas, leves, achando a vida bela e a felicidade acessível, por que não? A questão é que à medida que bebíamos, mais sentíamos o efeito do álcool. Comentamos que aquilo estava forte demais, mas já havíamos quase que esgotado os copos. A preocupação agora era: como sair dali andando, se já sentíamos a cabeça rodar, as pernas bambas, sem força? E a vergonha, diante das poucas pessoas que estavam a nos observar, como alvo principal? Pagamos, criamos coragem, e, de braços dados, segurando o riso, saímos. Tinha um corredor longo até chegar à rua e, já longe da vista dos fregueses e garçons, despencamos a rir e a andar, meio capengas até o carro. Até hoje tenho minhas dúvidas sobre o caso. Acho que os garçons exageraram no álcool para se divertir conosco ou para demonstrarem um certo preconceito contra aquelas duas mulheres inconvenientes e petulantes, que chegaram tarde e ainda pediram batida de maracujá com pinga. Era muita ousadia.

Velha Foto

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Eu vi a foto e ela me trouxe à memória os velhos tempos do Instituto de Educação. Estavam na escadaria, os professores e funcionários posando para uma máquina. Antigos rostos, antigos sons, velhas lições, a menina que eu era, no ano de 59; tudo isso se presentificou com a visão da foto. Estavam lá, alguns sorrindo, outros, sérios. Expressões que ficaram ali, cristalizadas para a eternidade. Alguns sei que já não existem mais,de outros ainda se têm notícias. Mas e o restante, quem sabe? Estarão "dormindo profundamente", como disse o poeta? O sorriso meio irônico de dona Ivone Yared estava lá, a seriedade constrangedora de dona Mirtes também. A beleza inesquecível de Seu José Dantas, o rosto inconfundivelmente árabe de Tufi Jubran, a expressão professoral de seu Mário Novaes, uma funcionária, de quem não lembro o nome, com seus óculos e os cabelos presos para cima, Seu Clóvis Corradi, tão jovem ainda, Dona Loyde, doce, como sempre, e elegante. Com certeza estava de meias de seda e saltos altos.Seu Luís D'Arcádia, "manso e humilde de coração", Jorge Cury, ar de crítica. Ele era implacável,realmente. E muitos outros, que compunham o mundo que vivemos, tempos atrás. Era um dia de inverno, casacos compridos, como que sendo movidos pelo vento, tailleurs, ternos.Será que alguém chegou a pensar que muitos anos se passariam e aquele momento ficaria para a posteridade? Que os anos passariam e um dia ex-alunos estariam olhando aquela foto, tentando reconhecer as fisionomias, lembrando-se das particularidades de cada um deles? E de como marcaram indelevelmente nossas mentes e corações?
Fizeram parte de nossas vidas, pautávamos nossos horários, nossos passeios, nossos prazeres e desprazeres, segundo a orientação ou, talvez, a exigência deles. Tinha um filme bom anunciado, mas tinha que estudar Latim? Nada de cinema. O melhor era ficar repetindo à exaustão o "sum, es, est, sumus, estis, sunt". "Tempus fugit" era a inscrição de um relógio de uma loja que não existe mais. Hoje, vendo essa foto, me lembrei dela: o tempo fugiu depressa como aquele vento que soprava naquele dia em que os professores e funcionários, todos perfilados nos degraus da escadaria, posaram para uma foto, naquele ano de 1959.

Aula de Música

Ia começar a aula de música, tortura das torturas. Iniciantes do ginásio, tínhamos que saber a posição das notas musicais, identificar as fusas, semifusas e as "cafusas", como dizíamos brincando. Além do mais, tinha o diapasão. O som que a professora soprava nele podia nos dizer se a pauta iniciaria pela clave do "dó" ou do "sol". Tudo era uma questão de ouvido que nós, talvez por algum problema auditivo não identificado, não conseguíamos decifrar. O mais torturante ainda era o ditado rítmico: a professora dava umas batidas com o lápis na mesa e tínhamos que saber, pelas diferenças mínimas de tempo, que nota colocar na pauta.Para mim eram só batidas,que eu ia transformando em notas, a esmo, sem noção do que fazia. Onde estava a música? E eu que pensava que aula de música era para cantar, encher a sala, os corredores e o nosso coração da alegria que a música traz... Não, tínhamos que saber a teoria musical, para depois cantar.
A professora chegava , assim como a angústia na minha garganta e na das minhas colegas de infortúnio que engrossavam a fileira das analfabetas musicais. As alunas que aprendiam piano no Consevatório nadavam de braçada nessas aulas. Perdidas, ficávamos ali, sentindo que não éramos capazes de alcançar algo no plano do divino, do metafísico. Éramos, com certeza, seres inferiores.
Um dia, uma colega teve uma idéia: íamos atrás de uma moça que tocava muito bem acordeão. Quem sabe ela poderia nos ajudar? Chegamos em sua casa, no fundão de minha vila. Demos uma idéia a ela de nossa confusão. Luzia, era seu nome, tentou nos ajudar, à sua maneira, um pouco surpresa com a maneira estranha de se aprender música. Esclareceu-nos alguma coisa. No dia seguinte seria o exame.
No outro dia, o infalível ditado rítmico. E a clave? A professora soprou o diapasão. Seria o "dó"? Ou seria o "sol"? Desenhei a clave do sol; era mais bonito. E lá vieram as batidas que eu ia colocando na pauta, sem nenhuma fé em mim. Saí dali sem esperança; a professora, uma esfinge,mal nos olhava do alto de seu saber tão nobre. Queria vê-la cantando. Como seria a sua voz?
Dias depois, fui ver o resultado. Passara a noite acordada, pensando em reprova, olheiras fundas. E o medo da repreensão em casa, a vergonha do fracasso? Mas estava ali: Nota 9,0. Por mais que passem os anos, nunca vou acreditar nessa nota. Ou Deus guiou minha mão, ou a professora teve um repente de pena de nosso sofrimento.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O tempo é sábio

Curioso como o tempo vai retirando de nós, pouco a pouco, os prazeres que nos davam a alegria de viver. Você vai selecionando tudo: pessoas, lugares, músicas, filmes, livros, autores. Aquilo que antes te enchia de emoção, hoje já não tem graça nenhuma. E a vida vai ficando cada vez mais vazia. Não me seduz o discurso de que devemos preencher a vida com atividades, passeios, vida social, viagens... A questão deve ser uma tendência natural do ser humano que, em tempos mais jovens se deixava iludir por um ou outro motivo. É explicável que tendo a perspectiva de um longo tempo pela frente, o seu tempo de vida ainda não foi o bastante para experimentar as dores do viver, as angústias das perdas, do tempo que se esvai, de histórias experimentadas que vão virando névoas. Histórias que parecem ter sido vividas por outra pessoa. Tem-se a impressão de que somos meros personagens que vão trocando os papéis ao longo da existência.
Nessa vida tudo tem uma razão de ser. Existe uma sabedoria implícita nessa marcha implacável do tempo: vamos nos desligando gradativamente das coisas, nos preparando para o adeus.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Dama da Noite

Saí lá fora e senti seu perfume. Até q enfim consegui aprisionar em minha casa o perfume da "dama da Noite". Ele povoou minha infância. Passava à noite pela rua João Pessoa, pouco mais à frente de dobrar a praça da Bandeira e ele vinha com toda intensidade . Como era bom : o cheiro inebriava: não conseguia ver a árvore que oferecia aquela dádiva a nós que passávamos; o muro era alto.Mas envolvia boa parte do trajeto.. Alguém falava: É a Dama da Noite!. A mim, ainda pequena, aquele nome soava como algo misterioso: "Dama da Noite!" Tinha uma conotação pertencente a um mundo meio que escuso e proibido. Era a dama que frequentava as noites e de comportamento não muito recomendável. Isso aumentava ainda mais o fascínio pelo perfume e pela flor. Cresci,farejando sempre dentre os perfumes que sentia, aquele encantado odor da "dama da Noite". Por vezes o identificava e vinham me assaltar, além da delícia olfativa, tudo que ela provocava: meus passeios na avenida ou ida ao cinema, visita a alguém, meus pais e irmãos que me acompanhavam, minha tia... E o trajeto invariável da volta, quando sentíamos o perfume da flor. Há pouco tempo, passando à noite em frente a uma casa, lá estava ela: a "Dama da Noite". Não resisti; enfiei a mão por sobre o muro e arranquei um galho pequeno. Plantei-o, descrente de q um dia eu pudesse ter ao meu alcance aquela planta divina. E não é que ela vingou? E agora à noite, indo ao quintal, chegou-me seu perfume, assim, de repente. Resgatei um pouco os tempos vividos naquele trajeto perfumado como são talvez os caminhos da infância: apesar de algumas tristezas, tudo era esquecido e a vida era doce como aquele perfume que tanto persegui e agora o tenho aqui mesmo, no meu quintal.