" Carnaval, desengano/ Deixei a dor em casa me esperando/ E gritei e cantei/ Vestido de rei/ Quarta-feira sempre desce o pano..." Chico Buarque soube, com a capacidade que sempre teve, traduzir o sentido do carnaval: a alegria rompendo as barreiras impostas pela sociedade e todos como irmãos,dando-se as mãos e entrando na dança. São alguns dias em que se deixam as tristezas, os problemas de lado e nos deixamos entregar á alegria, ao ritmo frenético dos sambas, dos frevos, do axé. São dias em que se anestesia com a bebida, mandamos embora a timidez, estabelece-se contato com aquela pessoa que, em tempos normais, jamais se teria a ousadia. É o efeito catártico do Carnaval: o super-ego é empurrado para os confins do cérebro ou da "psyché" e a liberdade é sem freios.
Mas são poucos os dias; a vida nos chama: quarta-feira desce o pano e a festa se rende à realidade. Por issso que o carnaval já traz dentro dele o desengano.
Não deixa de ser a metáfora da vida: alegria hoje, confraternização, somos todos irmãos por instantes, nos deixamos iludir pelos doces momentos que parece vão ser eternos, mas o pano cai, a vida nos chama. Felicidade é ilusão: a dor está em casa esperando, como diz o poeta.
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