MISTY
“Misty” era uma música cantada infalivelmente todo ano na Faculdade de Filosofia, durante a apresentação das “Noites de Música e Poesia”,que aconteciam nos idos dos anos 60. Talentos musicais e poéticos de alunos e professores eram colocados à mostra nessas ocasiões.
A música italiana que havia invadido as rádios e competia com a Música Popular Brasileira, comparecia nessas noites culturais e uma interpretação belíssima de “La nostra casa encima al mondo” até hoje me vem à lembrança. A moça que cantou essa música tinha uma voz potente que invadiu o anfiteatro e arrepiou a platéia. Havia um professor que lia seus poemas longos e eruditos e sempre os oferecia à sua mulher, musa eterna.
Mas o momento mais esperado por mim, razão principal de meu comparecimento a todas as apresentações era a hora de “Misty”. Era um rapaz numa cadeira de rodas que cantava outras músicas, mas essa ele nunca deixava de cantar. Para ele essa música devia ter um significado profundo porque era repetida todos os anos e sua interpretação, em surdina, um tanto sensual, hipnotizava por um momento quem a ouvia. São muitos os intérpretes dessa música “standard”americana, mas nenhum conseguiu atingir a minha sensibilidade como a interpretação daquele rapaz. Por isso “Misty” ficou marcada em minha vida e me lembra o cantor, o clima de magia,a sensação de prazer, naquele anfiteatro à meia-luz, naqueles longínquos anos 60.
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